21 de abril, Dia de Tiradentes: a construção do herói nacional

Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, foi um dentista e militar. Ele foi enforcado em 21 de abril de 1792 por traição à coroa portuguesa.

Tiradentes também foi esquartejado. Em sua homenagem, a data de sua execução foi estabelecida como feriado nacional em 1890, durante o governo de Deodoro da Fonseca, primeiro presidente da República.

Para o historiador Carlos Mota, Tiradentes foi elevado ao posto de herói nacional como uma forma da República reafirmar sua legitimidade e se opor ao antigo regime.

“Geralmente, quando um grupo chega ao poder, ele busca meios para reafirmar a sua posição e apagar, de certa forma, a memória do antigo grupo. Então, através de feriados, de bandeiras, até mesmo do hino nacional, eles vão tentar criar uma nova narrativa histórica e silenciar a narrativa do passado”, disse.

Associação com Jesus Cristo

Na época em que foi morto, Tiradentes era considerado um conspirador, já que tinha ideias iluministas e republicanos, sendo isso intolerável pela coroa portuguesa.

Somente a partir da proclamação da República, em 1889, Tiradentes foi representado como um herói nacional, de uma forma quase religiosa, com associações a figura do Jesus Cristo ocidental.

Foto 1: ‘Salvator Mundi’ (Leonardo da Vinci) – Foto 2: ‘ Martírio de Tiradentes’ (Francisco Aurélio)

Essa associação acontece por conta da forte tendência religiosa que existia no Brasil da época, especialmente com o cristianismo católico.

“Apesar da República se fundar a partir de novos valores, ela tinha consciência que o Brasil era um país marcado pelo cristianismo. Se você for observar, a figura do Tiradentes é muito desenhada como uma pessoa semelhante ao Jesus ocidental, que é um Jesus que tem cabelos longos, que é um Jesus branco e barbudo”, explicou o historiador Carlos Mota.

“Tiradentes Esquartejado” por Pedro Américo

A obra “Tiradentes Esquartejado” foi pintada em 1893 por Pedro Américo, que também pintou o quadro “Independência ou Morte”.

“Ele já era um pintor muito conhecido por registrar esses momentos históricos no Brasil; também moldar momentos e desenhá-los de acordo com as narrativas que agradavam seus patrocinadores”, explicou o historiador.

Conforme Carlos Mota, o quadro “Independência ou Morte” retrata de forma errônea o momento histórico da independência do Brasil, como se tivesse ocorrido uma batalha campal.

Foto: ‘Independência ou Morte’ (Pedro Américo)

Fonte: Brasil Escola

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