Você sabia que é possível aprender a ser feliz? A busca por felicidade não depende apenas de grandes conquistas, dinheiro ou status social. Segundo um estudo conduzido pela Universidade de Bristol, no Reino Unido, pequenas atitudes do dia a dia são capazes de promover mudanças duradouras no bem-estar emocional. E o mais surpreendente: os efeitos positivos podem perdurar por anos.
Felicidade é aprendizado: o que diz a ciência?
O curso “Ciência da Felicidade”, criado pela Universidade de Bristol, combinou conhecimentos das áreas de psicologia positiva, neurociência, filosofia e ciências sociais para demonstrar que a felicidade pode ser cultivada de forma ativa.
Ao longo das aulas, os participantes foram incentivados a adotar práticas simples no cotidiano. O resultado? Um aumento de 10% a 15% nos níveis de felicidade relatados — e o efeito persistiu mesmo dois anos após o término do curso.
Segundo o professor Bruce Hood, coordenador do projeto, a felicidade é menos uma questão de circunstâncias e mais uma consequência de escolhas e hábitos conscientes. “Não se trata de negar emoções difíceis, mas de criar rotinas que favorecem estados emocionais positivos”, afirma o especialista.
Pequenas atitudes, grandes transformações
A pesquisa listou diversas ações acessíveis que contribuem significativamente para o bem-estar mental e emocional. Veja algumas delas:
- Conversar com desconhecidos: Interações breves com pessoas fora do círculo social, como cumprimentar um vizinho ou conversar com alguém no transporte público, podem aumentar os níveis de satisfação e reduzir a sensação de isolamento.
- Caminhar ao ar livre: A exposição à luz natural e ao verde está associada à redução do estresse e ao aumento da criatividade.
- Praticar gentileza: Atos altruístas, como ajudar alguém ou elogiar sinceramente, ativam áreas do cérebro ligadas à empatia e à recompensa.
- Dormir bem: O sono de qualidade é essencial para regular o humor, melhorar a memória e prevenir transtornos como ansiedade e depressão.
- Meditar: A prática da atenção plena (mindfulness) ajuda a reduzir a ruminação mental e a ansiedade, promovendo foco e equilíbrio emocional.
- Valorizar conquistas diárias: Reconhecer pequenas vitórias estimula o sentimento de competência e autoestima.
- Presentear alguém: Dar algo a outra pessoa, mesmo que simbólico, gera prazer tanto em quem doa quanto em quem recebe.
- Movimentar o corpo: Atividades físicas liberam endorfinas e serotonina, substâncias associadas ao prazer e à redução da dor.
- Exercitar a gratidão: Refletir sobre aspectos positivos da vida, mesmo em meio a dificuldades, fortalece a resiliência emocional.
Essas atitudes promovem a conexão com o presente, com o ambiente e com outras pessoas — fatores fundamentais para o sentimento de pertencimento e realização.
A constância faz a diferença
A chave para colher os benefícios emocionais dessas práticas está na frequência, não na intensidade. Assim como não se constrói um corpo saudável da noite para o dia, o bem-estar emocional depende da repetição e da regularidade de comportamentos positivos.
Estudos em psicologia positiva mostram que cultivar emoções como gratidão, esperança e compaixão pode até mesmo fortalecer o sistema imunológico e aumentar a expectativa de vida. E mais: quanto menos centrados estamos em nós mesmos, maior tende a ser nosso nível de felicidade.
Felicidade e saúde mental: uma via de mão dupla
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental não é apenas a ausência de transtornos, mas a presença de bem-estar emocional, social e psicológico. Nesse sentido, a felicidade não é um estado permanente, mas um conjunto de atitudes que favorecem uma vida mais leve, significativa e equilibrada.
A ciência tem avançado no entendimento do que torna a vida mais satisfatória. Práticas como meditação, generosidade e conexões sociais fortes já não são apenas conselhos populares — são ferramentas embasadas em evidências.
Onde encontrar felicidade? No agora.
A boa notícia é que não é preciso esperar uma promoção, encontrar o amor ideal ou alcançar grandes feitos para começar a ser mais feliz. O convite é simples: olhar para o presente, adotar pequenas ações positivas e repetir essas escolhas com intenção.
Afinal, como dizia o psicólogo Martin Seligman, um dos pioneiros da psicologia positiva: “A felicidade autêntica vem do cultivo das forças internas, não da busca por resultados externos.”
Edição – Clique PI – Com informações Catraca Livre – Imagem: Freepik