A Seleção Brasileira em declínio: Quando a política e os patrocínios ditam as regras

Por Damata Lucas

A Seleção Brasileira, outrora símbolo máximo de excelência no futebol mundial, vive hoje um processo de desgaste profundo. Os cinco títulos mundiais e a mística da camisa amarela parecem cada vez mais distantes da realidade de uma equipe que sofre não por falta de talento, mas por um sistema corroído por interesses políticos e comerciais. A pergunta que ecoa: quem manda na Seleção?

Há tempos se discute, nos bastidores e em vozes dissonantes da crônica esportiva, que empresas patrocinadoras têm influência direta nas convocações da Seleção Brasileira. Marcas que investem pesado na CBF esperam retorno de imagem — e isso inclui a presença de “jogadores de vitrine” nos grandes torneios, ainda que o desempenho técnico não justifique.

Exemplo emblemático: Em Copas recentes, nomes contestados foram chamados com insistência enquanto jogadores em grande fase nos clubes foram preteridos. A ausência de meritocracia desestimula o rendimento esportivo e enfraquece a credibilidade da seleção.


Treinadores sem autoridade: Um cargo decorativo?

Não faltam técnicos brasileiros com currículo e competência para liderar a Seleção. No entanto, a função de treinador, especialmente após 2006, foi esvaziada de autonomia. As interferências vêm de todos os lados: empresários, patrocinadores, dirigentes e até exigências midiáticas. O técnico, hoje, é muitas vezes um gestor de vaidades e contratos, não um estrategista com liberdade para montar o time ideal.

Citação relevante: “É mais fácil demitir o técnico do que contrariar os patrocinadores” — frase atribuída a um ex-dirigente da CBF, abafada pela midia corporativista, a grande mídia brasileira, muitas vezes ‘sócia’ e corresponsável pela situação do futebol brasileiro atual.


A Mídia e o culto ao estrangeiro

Parte da crônica esportiva brasileira promove um complexo de vira-lata, elogiando com fervor tudo o que vem de fora. A chegada de Carlo Ancelotti (como se anuncia e até já teria confirmação do próprio treinador) é tratada como salvação divina. Ignora-se que o técnico italiano sempre trabalhou em clubes com estrutura de ponta, grandes elencos e diretoria profissionalizada. O mesmo não se pode dizer da CBF e do futebol brasileiro atual.

Ao se fazer uma crítica contra esse tipo de contratação, alguns desses cronistas viram profissionais do futebol e acham que entendem tudo de futebol. A CBF deveria dar uma oportunidade para algum deles assumirem a seleção brasileira como técnico. Ficam eudeusando Carlos Ancelote, como se no Brasil não houvesse treinadores tão bons e até melhores do que o italiano, que sempre pegou times estruturamente bem formados e preparados para que ele mesmo tivesse uma carreira vitoriosa. O problema da seleção brasileira não é falta de técnico brasileiro. É a política em si e a política de patrocínio que assolam a entidade e o futebol brasileiro, que tiram a autoridade do treinador. E essas políticas também ajudam e financiam o puxa-saquismo de empresas de transmissão e seus colaboradores. Essa é a verdade que muitos não têm coragem de assumir e não aceitam as críticas que se faz sobre a situação do futebol brasileiro.

Contraponto: Especialistas na área, comentaristas acima de qualquer suspeita, citam técnicos como Fernando Diniz, Dorival Júnior, Cuca, Tite e Abel Ferreira (este, estrangeiro, mas inserido no Brasil), que já teriam mostrado capacidade tática e liderança em contextos difíceis — mas são frequentemente desvalorizados e criticados pela grande imprensa.


Exemplos de Sucesso: O que outras deleções estão Fazendo certo

Em uma rápida pesquisa na imprensa internacional especializada, encontramos exemplos bem-sucedidos de seleções que trilharam caminhos diferentes e colhem bons frutos. Podemos citar alguns:

  • França: União entre federação, clubes e categorias de base. Didier Deschamps tem autoridade total sobre as convocações. A formação de atletas é integrada com a filosofia da seleção principal.
  • Marrocos: Chegou às semifinais da Copa de 2022 apostando em um treinador local (Walid Regragui) e em jogadores da diáspora (imigrantes). A federação deu liberdade ao técnico para tomar decisões técnicas, sem ingerências externas.
  • Argentina: Campeã do mundo com Lionel Scaloni, ex-jogador e estreante na função, que teve tempo para implementar seu modelo e respaldo total da AFA (Associação de Futebol Argentino). A identidade da seleção foi recuperada com base na união, simplicidade e valorização de talentos locais.

Resgate

Enquanto a CBF for um território onde o futebol está em segundo plano, a Seleção Brasileira continuará à margem das grandes decisões. É preciso romper com esse ciclo vicioso em que a camisa amarela é usada como vitrine publicitária e não como símbolo nacional. O Brasil tem treinadores, tem jogadores, tem história. Falta apenas coragem — e independência — para deixar o futebol falar mais alto.

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