Artrose de quadril: doença silenciosa afeta cada vez mais brasileiros

A atriz Paula Burlamaqui, aos 57 anos, precisou recentemente passar por uma cirurgia no quadril após ser diagnosticada com artrose — uma doença crônica e degenerativa que compromete a cartilagem das articulações, provocando dor, limitação de movimentos e, em casos mais graves, necessidade de intervenção cirúrgica. A condição serve de alerta para um problema de saúde cada vez mais presente na população brasileira, que muitas vezes é negligenciado até atingir estágios avançados.

Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), a artrose — também conhecida como osteoartrite — atinge cerca de 15 milhões de brasileiros, sendo uma das principais causas de dor e incapacidade física entre adultos e idosos. No quadril, a doença é particularmente incapacitante, pois essa articulação suporta boa parte do peso corporal e é fundamental para movimentos cotidianos como caminhar, sentar e se levantar.

O que é a artrose de quadril?

A artrose de quadril ocorre quando há desgaste progressivo da cartilagem que reveste a articulação entre o fêmur e a pelve. Com o tempo, essa cartilagem se degenera, fazendo com que os ossos passem a se friccionar diretamente, o que causa dor, inflamação e rigidez. Embora o envelhecimento seja um dos principais fatores de risco, a condição também pode surgir por fatores genéticos, traumas antigos, sobrepeso, má postura, atividades físicas de alto impacto ou doenças inflamatórias como a artrite reumatoide.

Sintomas: sinais que não devem ser ignorados

De acordo com o ortopedista e especialista em quadril e joelho Dr. Isaías Chaves, os sintomas da artrose de quadril podem ser confundidos com outras condições musculoesqueléticas, o que atrasa o diagnóstico. Entre os principais sinais de alerta estão:

  • Dor profunda na região da virilha ou na lateral do quadril, especialmente ao caminhar ou ficar muito tempo em pé;
  • Rigidez ao acordar ou após longos períodos de inatividade;
  • Estalos ou sensação de atrito dentro da articulação;
  • Dificuldade para realizar movimentos como cruzar as pernas, subir escadas ou colocar os sapatos;
  • Redução gradual da amplitude de movimento.

“Muitas pessoas chegam ao consultório com queixas de dor lombar ou problemas nos joelhos, sem saber que a origem do problema está no quadril. Esse diagnóstico equivocado favorece o avanço da doença, tornando o tratamento mais complexo”, alerta Dr. Isaías.

Tratamento: do conservador à cirurgia

Embora a artrose não tenha cura, há formas eficazes de controlar os sintomas e retardar sua progressão. O tratamento é individualizado e depende da gravidade do quadro. Em estágios iniciais, as abordagens conservadoras costumam ser suficientes, incluindo:

  • Fisioterapia para fortalecer a musculatura e melhorar a mobilidade articular;
  • Uso de analgésicos e anti-inflamatórios sob prescrição médica;
  • Perda de peso, quando necessário, para reduzir a sobrecarga sobre a articulação;
  • Adaptação de atividades físicas para modalidades de baixo impacto, como hidroginástica, pilates ou caminhada leve;
  • Infiltrações com ácido hialurônico ou corticoides, em alguns casos.

Quando os tratamentos clínicos não surtem mais efeito e a dor passa a limitar drasticamente as atividades diárias, a cirurgia torna-se a principal opção. A mais comum é a prótese total de quadril, em que a articulação danificada é substituída por uma prótese metálica e cerâmica ou polietileno. “A cirurgia costuma devolver ao paciente a autonomia para se movimentar com mais liberdade e menos dor, promovendo uma melhora significativa na qualidade de vida”, afirma o ortopedista.

Prevenção e cuidados ao longo da vida

Apesar de ser mais frequente em pessoas com mais de 60 anos, a artrose pode afetar adultos jovens, principalmente aqueles com histórico de lesões articulares, displasia do quadril ou predisposição genética. Por isso, a prevenção deve começar cedo.

Algumas medidas eficazes para preservar a saúde das articulações incluem:

  • Praticar atividades físicas regularmente, priorizando exercícios de baixo impacto;
  • Manter o peso corporal dentro da faixa ideal;
  • Evitar o sedentarismo e longos períodos sentado;
  • Corrigir a postura no dia a dia e no ambiente de trabalho;
  • Procurar orientação médica ao primeiro sinal de dor articular persistente.

Dr. Isaías reforça: “A artrose é uma doença progressiva, mas não precisa ser sinônimo de limitação. Com diagnóstico precoce, acompanhamento médico e mudanças no estilo de vida, é possível conviver com a condição de forma mais saudável e ativa.”

Damata Lucas – Edição: Clique PI – Imagem: Freepik

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