Ciência confirma: mulheres são, sim, mais empáticas do que os homens – e isso não é só impressão

Durante muito tempo, a sensibilidade e a empatia foram vistas como “coisa de mulher” — um clichê muitas vezes usado de forma pejorativa para desqualificar a emoção feminina. Mas a ciência, mais uma vez, vem para desmistificar os preconceitos e reforçar uma verdade que, no fundo, todos já percebiam: as mulheres, de fato, são mais empáticas que os homens.

Essa conclusão não é achismo nem construção cultural pontual. É o resultado de um amplo estudo global conduzido por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, com a participação de mais de 300 mil pessoas em 57 países. O artigo foi publicado na respeitada revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), um dos periódicos mais influentes do mundo.

Empatia comprovada pelo olhar

O grupo de cientistas utilizou o chamado Teste dos Olhos (“Reading the Mind in the Eyes”), um dos métodos mais reconhecidos para medir a chamada empatia cognitiva — ou seja, a capacidade de perceber o que o outro pensa ou sente apenas por expressões sutis, como o olhar.

Nesse teste, os participantes observam fotos apenas da região dos olhos de pessoas e precisam identificar, entre quatro opções, o estado emocional retratado. Os resultados foram claros: em 36 dos 57 países analisados, as mulheres tiveram desempenho significativamente superior ao dos homens. E nos outros 21 países, o desempenho foi igual. Em nenhum país os homens superaram as mulheres.

Um padrão global, não cultural

O que torna o estudo ainda mais impactante é que esse padrão de empatia feminina se repetiu em diversas culturas, etnias, religiões e realidades socioeconômicas. Ou seja, trata-se de um fenômeno universal. “Nossos resultados fornecem algumas das primeiras evidências de que esse conhecido fenômeno é global”, afirmou o pesquisador David Greenberg, que liderou o estudo.

Biologia ou sociedade? Provavelmente os dois

Os cientistas não apontam uma única causa para essa diferença entre os sexos. Provavelmente, como quase tudo no comportamento humano, trata-se de uma soma de fatores biológicos e sociais. Há estudos que associam a empatia a níveis hormonais (como a ocitocina, mais presente no organismo feminino), ao mesmo tempo em que meninas, desde cedo, são socializadas para cuidar, acolher, ouvir — enquanto meninos ainda são ensinados a conter sentimentos e focar no desempenho.

Simon Baron-Cohen, diretor do Autism Research Center da Universidade de Cambridge, reforça: “As mulheres, em média, conseguem se colocar mais facilmente no lugar do outro, imaginar o que ele sente, o que pensa, o que precisa. Isso é uma força que impacta todas as relações humanas”.

Empatia é força, não fraqueza

Num mundo cada vez mais polarizado, agressivo e marcado por relações superficiais, a empatia é um superpoder urgente. E a constatação de que as mulheres dominam melhor essa habilidade deve ser lida com seriedade — e com valorização. Em vez de desqualificá-las como “emocionais demais”, talvez devêssemos repensar o quanto o mundo carece justamente de mais escuta, sensibilidade e cuidado.

Mais do que um elogio às mulheres, esse estudo é um alerta para a sociedade: precisamos ensinar os meninos também a sentir, a escutar, a cuidar — e isso começa na infância. A empatia não pode ser um privilégio feminino. Tem que ser um valor humano.

Redação Clique PI – Imagem: Freepik

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