Até 1º de dezembro de 2024, 54 jornalistas foram mortos em todo o mundo enquanto exerciam ou devido à sua profissão, de acordo com um relatório divulgado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). O dado, que já é alarmante, ganha contornos ainda mais graves quando é revelado que um terço dessas mortes foi causado pelo exército de Israel, principalmente em Gaza. A situação foi classificada pela RSF como uma “hecatombe”, ilustrando o risco extremo enfrentado por profissionais da imprensa em zonas de combate no Oriente Médio.
Divergência nos números
Outro levantamento, realizado pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), aponta um cenário ainda mais grave: 104 jornalistas mortos no ano, com mais da metade (55) perdendo a vida em Gaza. A divergência entre os números das duas ONGs decorre de diferentes critérios de apuração. Enquanto a RSF contabiliza apenas os casos em que a relação entre a morte e a atividade jornalística é comprovada, a FIJ inclui também casos em que o vínculo ainda não foi confirmado.
Apesar das diferenças nos números, ambas as organizações convergem em suas avaliações: a Palestina é o local mais perigoso para jornalistas. Segundo a RSF, mais de 145 jornalistas foram assassinados pelo exército israelense desde outubro de 2023 em Gaza, sendo pelo menos 35 enquanto exerciam suas funções. Quando incluído o Líbano, o número sobe para 155 mortos, dos quais 40 estavam em atividade.
Denúncias de crimes de guerra
A RSF apresentou quatro denúncias ao Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o exército israelense, alegando “crimes de guerra cometidos contra jornalistas”. Anne Bocandé, diretora editorial da organização, destacou à AFP os ataques deliberados contra jornalistas e o bloqueio de acesso à região de Gaza, que permanece isolada há mais de um ano. “O mundo está testemunhando uma hecatombe sem precedentes”, afirmou.
Anthony Bellanger, secretário-geral da FIJ, classificou o cenário como um “massacre”. Segundo ele, muitos jornalistas em Gaza são alvos deliberados. “O massacre está acontecendo diante dos olhos do mundo inteiro”, denunciou à AFP.
Resposta do governo israelense
O governo de Israel negou as acusações. Um porta-voz declarou que o país “evidentemente não ataca jornalistas” e afirmou que a maioria dos profissionais de imprensa em Gaza “provavelmente opera sob os auspícios do Hamas”. “Enquanto o Hamas não for destruído, eles não serão autorizados a informar de maneira livre”, acrescentou.
Jornalismo sob ataque
O relatório anual da RSF lança um alerta sobre os riscos cada vez maiores enfrentados por jornalistas em zonas de conflito, especialmente no Oriente Médio. A organização conclui que é fundamental aumentar a pressão internacional para proteger os profissionais da imprensa e garantir que crimes contra jornalistas não permaneçam impunes.
Com informações AFP – Imagem: X