Quando pensamos em Páscoa, é quase impossível não imaginar ovos de chocolate, coelhinhos fofos e cestas coloridas. Mas de onde vêm essas tradições tão marcantes? Como símbolos que remetem à fertilidade e renovação da vida se misturam a uma das datas mais importantes do calendário cristão? A resposta está em séculos de história, sincretismo e celebrações culturais que atravessaram o tempo e os continentes.
A Páscoa antes da Páscoa
Muito antes de ser associada à ressurreição de Cristo, a Páscoa já tinha raízes em festivais pagãos da primavera no hemisfério norte. Povos antigos, como os germânicos e celtas, celebravam o fim do inverno com rituais que homenageavam a fertilidade e o renascimento da natureza. Uma das deusas cultuadas era Ostara (ou Eostre), divindade germânica da primavera, cujo símbolo era… o coelho, conhecido por sua notória capacidade reprodutiva.
Essa deusa pode ter dado origem ao nome em inglês para a Páscoa: Easter.
O Coelho da Páscoa
O coelho foi adotado como símbolo da fertilidade e da vida nova, representando a chegada de uma nova estação. Na Alemanha do século XVII, surgiu a lenda do “Osterhase”, uma espécie de lebre que colocava ovos coloridos e os escondia nos jardins para que as crianças os encontrassem. Imigrantes alemães levaram essa tradição para os Estados Unidos no século XVIII, onde ela se popularizou e se transformou no que conhecemos hoje como “Easter Bunny”.
O ovo como símbolo de vida
O ovo também tem uma longa história como símbolo de vida, renascimento e fertilidade. Civilizações antigas, como os egípcios e persas, já ofereciam ovos decorados durante celebrações da primavera. Com o tempo, o ovo passou a ser associado à ressurreição de Jesus Cristo no contexto cristão — o rompimento da casca representaria o túmulo vazio e a vitória da vida sobre a morte.
Durante a Idade Média, ovos eram frequentemente proibidos durante a Quaresma, e seu consumo era retomado com festa no domingo de Páscoa. Com o tempo, surgiu a tradição de pintá-los com cores vibrantes e trocá-los como presente.
O Ovo de chocolate
O chocolate entrou na história da Páscoa por volta do século XIX, com a popularização do cacau na Europa. Os primeiros ovos de chocolate surgiram na França e na Inglaterra, mas eram sólidos e bastante duros. Com o avanço das técnicas de moldagem e recheio, os ovos ocos se tornaram mais comuns — e irresistíveis. A partir daí, a tradição explodiu comercialmente, tornando-se um dos símbolos mais marcantes da data.
Tradições ao redor do mundo
- Grécia: ovos são pintados de vermelho para simbolizar o sangue de Cristo.
- Suécia e Finlândia: crianças se vestem como “bruxas da Páscoa” e vão de casa em casa trocando desenhos por doces.
- Etiópia: celebrações da Páscoa ortodoxa duram dias, com longos jejuns e cerimônias religiosas.
- Brasil: o foco está nos ovos de chocolate, com forte influência do comércio e das tradições católicas.
Muito além do chocolate
A Páscoa, como conhecemos hoje, é o resultado de um longo processo de misturas culturais, religiosas e comerciais. Por trás dos coelhinhos e ovos coloridos, há milênios de histórias sobre o ciclo da vida, a chegada da primavera e a esperança de renovação — temas que continuam tocando o coração humano até hoje.
Edição: Clique PI – Imagem: IA