Deputada Carla Zambelli é alvo de pedido de extradição por parlamentar italiano e cogita pedir asilo a Trump

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de dados falsos, é alvo de críticas e pressão internacional. O deputado italiano Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, cobrou nesta quarta-feira (4) uma resposta do governo da Itália sobre a possível extradição da parlamentar brasileira, que declarou ter cidadania italiana.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Bonelli classificou como “vergonhosa” a afirmação de Zambelli, feita à CNN Brasil, de que seria “intocável” na Itália por ter dupla cidadania. O parlamentar europeu informou que oficiou o governo italiano questionando se o país “pretende colaborar com o Brasil e com a Interpol implementando o acordo de cooperação judiciária entre Itália e Brasil em matéria de extradição”.

“Não se pode usar a cidadania italiana para escapar de uma condenação. A Itália corre o risco de se tornar um paraíso para gente condenada. Aguardamos uma resposta clara do governo italiano”, afirmou Bonelli.

A cobrança foi feita por meio de um mecanismo oficial em que parlamentares italianos podem submeter questionamentos ao governo. Atualmente, a Itália é governada pela primeira-ministra Giorgia Meloni, do partido de direita Irmãos da Itália.

Prisão decretada e alerta internacional

Na mesma quarta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decretou a prisão preventiva de Zambelli e determinou que a Polícia Federal adote medidas para incluí-la na lista vermelha da Interpol, tornando-a procurada internacionalmente. A decisão ocorre após a deputada deixar o Brasil, entrando na Argentina por via terrestre, e seguir posteriormente para os Estados Unidos, onde permanece.

Zambelli foi condenada pelo Supremo em 2024 por crimes relacionados à invasão do sistema eletrônico do CNJ, além de fraude ideológica e associação criminosa, e teve seus direitos políticos suspensos. A Corte ainda estipulou a perda do mandato parlamentar, embora a decisão ainda dependa de deliberação formal da Câmara dos Deputados.

Plano de fuga e possível pedido de asilo

Segundo a própria Zambelli, o plano inicial era seguir para a Itália, mas a repercussão negativa e o alerta internacional da Interpol a fizeram repensar a viagem. Em nova entrevista à CNN Brasil, a deputada admitiu que está avaliando a possibilidade de pedir asilo político nos Estados Unidos, mais especificamente ao ex-presidente Donald Trump, aliado político de longa data da extrema-direita brasileira.

A parlamentar já havia protagonizado outras polêmicas, como o episódio em que sacou uma arma nas vésperas das eleições de 2022, além de reiteradas críticas ao Supremo Tribunal Federal e defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também alvo de investigações no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado.

Enquanto aguarda os desdobramentos de sua situação jurídica, Zambelli afirmou que teme perseguição política no Brasil e que buscará apoio de figuras internacionais para garantir sua liberdade.

Cooperação internacional

A extradição de cidadãos com dupla nacionalidade, como é o caso de Zambelli, envolve trâmites complexos. Apesar da cidadania italiana, o acordo de extradição entre Brasil e Itália permite, em tese, a devolução, desde que haja reciprocidade e decisão judicial. Casos semelhantes já geraram controvérsias diplomáticas no passado, como o do ex-ativista Cesare Battisti.

Agora, o futuro de Carla Zambelli pode depender não apenas da política interna brasileira, mas também das decisões do governo de Giorgia Meloni e da atuação diplomática junto aos EUA, caso a parlamentar siga com o plano de buscar refúgio no país norte-americano.

Edição: Clique PI – Imagem: Lula Marques

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