O envelhecimento das populações representa uma crescente pressão sobre as economias globais, mas medidas voltadas para promover o envelhecimento saudável e a inclusão dos idosos no mercado de trabalho podem mitigar os impactos e até gerar crescimento. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), políticas eficazes nesse sentido poderiam acrescentar, em média, 0,4 pontos percentuais ao crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) mundial entre 2025 e 2050.
No capítulo do World Economic Outlook divulgado nesta quarta-feira (16), dedicado às implicações econômicas do envelhecimento e ao potencial da chamada “economia prateada” — que engloba consumidores e trabalhadores com mais de 50 anos — o FMI destaca que ações coordenadas podem transformar um desafio demográfico em oportunidade de desenvolvimento.
A instituição sugere uma abordagem política multifacetada, com foco em:
- Promoção do envelhecimento saudável, por meio de investimentos em saúde preventiva e bem-estar;
- Aumento da participação dos idosos no mercado de trabalho, especialmente com políticas de capacitação e combate à discriminação etária;
- Redução das disparidades de gênero na força de trabalho, com políticas de igualdade salarial e apoio à conciliação entre trabalho e cuidados familiares.
Segundo as estimativas do FMI:
- O envelhecimento saudável poderia contribuir com 0,4 p.p. ao crescimento anual do PIB global até 2050;
- A combinação de políticas para aumentar a oferta de mão de obra (como aposentadorias flexíveis e treinamento contínuo) poderia somar 0,6 p.p. ao crescimento anual, compensando cerca de três quartos da desaceleração esperada causada pelas mudanças demográficas;
- Sem medidas corretivas, o crescimento do PIB global poderá desacelerar significativamente, chegando a menos da metade do ritmo observado nas últimas décadas.
A instituição alerta que a gravidade do impacto varia amplamente entre os países:
- No Japão, onde mais de 29% da população já tem 65 anos ou mais, projeta-se uma contração da economia nas próximas décadas se medidas não forem adotadas;
- Nos países da zona do euro, cerca de 20% da população já está nessa faixa etária, com tendência de aumento para 30% até 2050;
- Em contraste, economias emergentes como a Índia e o Brasil ainda possuem uma população mais jovem, mas também enfrentarão o envelhecimento acelerado nas próximas décadas. No Brasil, por exemplo, a proporção de idosos deve dobrar até 2050, alcançando quase 30% da população total.
Além disso, o FMI destaca que o envelhecimento tem implicações fiscais importantes:
- A relação dívida pública/PIB tende a se agravar com o aumento dos gastos em saúde e previdência;
- Países como Itália, Grécia e Japão já enfrentam níveis elevados de endividamento que serão exacerbados pela transição demográfica.
Por fim, o documento destaca que a economia prateada tem um enorme potencial de consumo: estima-se que pessoas com mais de 60 anos serão responsáveis por mais de US$ 15 trilhões em consumo global até 2030, principalmente em setores como saúde, turismo, tecnologia assistiva e serviços financeiros.
“Embora o envelhecimento saudável compense parcialmente o impacto negativo das adversidades demográficas, será necessário um esforço coordenado e sustentado para evitar a desaceleração econômica e estabilizar as finanças públicas”, conclui o FMI.
Edição: Redação Clique PI – Imagem: Freepik