O Oriente Médio vive neste momento uma de suas fases mais tensas em décadas. Irã e Israel protagonizaram neste sábado (14) uma troca de mísseis e ataques aéreos de grande escala, aprofundando um conflito com potencial devastador e gerando preocupação em todo o mundo. O confronto ocorre um dia após Israel lançar uma ofensiva aérea massiva sobre o território iraniano, matando lideranças militares e científicas e atacando instalações nucleares estratégicas.
Segundo a televisão estatal iraniana, pelo menos 60 pessoas morreram, entre elas 20 crianças, após mísseis israelenses atingirem um complexo habitacional em Teerã. Outras regiões do país também foram alvo de bombardeios. Já Israel afirmou ter alvejado mais de 150 alvos iranianos em uma ação “preventiva” para frear o suposto avanço do programa nuclear do Irã.
Durante a madrugada, sirenes soaram em várias cidades israelenses, enquanto centenas de mísseis cruzavam o céu. Três pessoas morreram em território israelense. Fontes do governo de Tel Aviv afirmaram que cerca de 200 mísseis balísticos foram disparados pelo Irã em quatro ondas sucessivas. Boa parte deles foi interceptada com o apoio dos Estados Unidos, principal aliado de Israel.
Guerra de narrativas: bomba atômica ou programa civil?
O governo israelense justificou a ofensiva como uma tentativa de impedir o Irã de concluir os últimos estágios para a fabricação de uma arma nuclear, o que, segundo Tel Aviv, representaria uma ameaça direta à existência do Estado judeu.
O Irã nega qualquer intenção militar e afirma que seu programa é exclusivamente civil, como garantido pelo Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). No entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) declarou na quinta-feira (13) que Teerã está em desacordo com o tratado e ocultou informações cruciais dos inspetores internacionais.
Risco regional e impacto global
A escalada entre os dois países ameaça arrastar outras nações para o confronto. O Irã advertiu que aliados de Israel na região poderão ser atacados caso interfiram na guerra, enquanto em solo iraniano cresce a retórica contra governos do Golfo Pérsico, tradicionalmente próximos de Washington e de Tel Aviv.
O general e parlamentar iraniano Esmail Kosari afirmou que o Irã estuda seriamente fechar o Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo mundial. O temor de um colapso no fornecimento global fez com que os preços do petróleo disparassem 7% nos mercados internacionais.
Com o Hamas enfraquecido após quase dois anos de guerra em Gaza e o Hezbollah severamente atingido no Líbano em 2024, o Irã se vê com menos aliados regionais operacionais, o que pode levá-lo a adotar uma postura ainda mais agressiva diretamente contra Israel e seus parceiros.
Apoio de Trump e tensão nos bastidores diplomáticos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou a ofensiva israelense e alertou que algo “muito pior” pode ocorrer se o Irã não aceitar uma “redução drástica” de seu programa nuclear. As declarações endurecem ainda mais o clima no momento em que estava prevista para domingo (15) a retomada das negociações nucleares entre Washington e Teerã.
Duas autoridades norte-americanas confirmaram que os EUA participaram diretamente da interceptação de mísseis iranianos, demonstrando que, embora não formalmente engajada, a Casa Branca está profundamente envolvida no conflito.
Papa pede paz e diálogo
Em meio à crescente tensão, o papa Leão XIV fez um apelo contundente por moderação e diálogo. Em nota divulgada pelo Vaticano neste sábado, o pontífice pediu que Irã e Israel recuem do caminho da guerra e priorizem a diplomacia.
“Ninguém jamais deve ameaçar a existência do outro”, afirmou o papa. Ele destacou que o mundo vive um momento delicado e que a deterioração da situação é alarmante. “Desejo renovar veementemente um apelo à responsabilidade e à razão”, declarou.
O papa ainda defendeu o esforço global por um mundo sem armas nucleares. “O compromisso com a paz duradoura só será alcançado por meio do respeito mútuo, encontros respeitosos e negociações sinceras”, finalizou.
Cenário imprevisível
Com Israel sinalizando que a operação pode durar semanas e conclamando a população iraniana a se insurgir contra o regime clerical, o risco de um confronto prolongado e de grandes proporções se torna real. A comunidade internacional acompanha com apreensão, diante do risco de uma guerra total no Oriente Médio que teria repercussões econômicas, políticas e humanitárias em escala planetária.
Edição: Redação Clique PI – Com informações da imprensa internacional – Imagem: IA