Uma pesquisa recente publicada na revista Communications Psychology forneceu pistas importantes sobre os fatores que influenciam a recordação dos sonhos. O estudo foi conduzido por uma equipe da Escola de Estudos Avançados do IMT Lucca, na Itália, e acompanhou 217 adultos entre 18 e 70 anos ao longo de quatro anos, entre 2020 e 2024.
Os participantes, sendo 116 mulheres e 101 homens, registraram seus sonhos diariamente por um período de 15 dias consecutivos. Para isso, utilizaram gravadores de voz logo após despertarem, relatando se se lembravam dos sonhos, se tinham uma vaga impressão de ter sonhado ou se conseguiam descrever o conteúdo dos sonhos com detalhes. Além disso, seus dados cognitivos e padrões de sono foram rastreados por meio de dispositivos específicos e testes psicométricos.
Principais achados do estudo
Os cientistas descobriram que pessoas com uma atitude positiva em relação aos sonhos e maior propensão à divagação mental tendem a lembrar com mais frequência do que sonharam. Além disso, indivíduos que passaram mais tempo em estágios de sono leve também apresentaram maior recordação dos sonhos.
Outro fator identificado foi a idade. Participantes mais jovens demonstraram maior capacidade de lembrar seus sonhos, enquanto indivíduos mais velhos frequentemente relataram a sensação de ter sonhado, mas sem conseguir recordar os detalhes. Essa diferença sugere que o envelhecimento pode influenciar nos processos de memória relacionados ao sono.
O estudo também apontou variações sazonais na recordação dos sonhos. Durante o inverno, os participantes relataram menor capacidade de lembrar seus sonhos em comparação com a primavera, sugerindo uma possível influência de fatores ambientais ou dos ritmos biológicos do corpo.
Impacto e aplicação dos resultados
Segundo o professor Giulio Bernardi, autor principal da pesquisa, os resultados do estudo podem contribuir para uma maior compreensão da consciência humana e da relação entre sonhos e saúde mental. “Nossas descobertas sugerem que a lembrança dos sonhos não é apenas uma questão de acaso, mas um reflexo de como as atitudes pessoais, os traços cognitivos e a dinâmica do sono interagem”, afirmou.
A pesquisadora Valentina Elce, coautora do estudo, acrescenta que os dados coletados servirão como referência para futuras pesquisas, inclusive para comparações com populações clínicas, podendo auxiliar no entendimento de transtornos do sono e suas implicações para a saúde psicológica.
Com esses achados, a ciência avança na compreensão do mundo dos sonhos, destacando a complexa interação entre fatores cognitivos, emocionais e biológicos na recordação das experiências oníricas.
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