Homem que matou companheira por suspeita de traição é condenado a 18 anos de prisão no Piauí

Durante a Semana Estadual de Combate ao Feminicídio, o Tribunal do Júri de Redenção do Gurguéia, a 680 km de Teresina, condenou Roberci Messias Quirino a 18 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato da companheira, Jucier Alves. O crime ocorreu em 2019, dentro da residência do casal, e foi motivado por ciúmes.

Segundo o inquérito policial, o feminicídio aconteceu por volta das 5h da manhã, após Roberci suspeitar de uma traição. Em depoimento, ele afirmou ter quebrado o celular da vítima após ler mensagens que indicariam um relacionamento extraconjugal. Em seguida, golpeou Jucier no pescoço com um facão, causando sua morte no local.

O júri acolheu integralmente a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado do Piauí, que enquadrou o crime como homicídio qualificado — por motivo fútil, com agravante de feminicídio e cometido no contexto de violência doméstica e familiar.

Feminicídio e violência doméstica: um cenário alarmante

O caso de Jucier Alves não é isolado. O feminicídio — assassinato de mulheres motivado por razões de gênero — é uma das formas mais extremas de violência contra a mulher e segue como um grave problema no Brasil.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2023, o país registrou 1.463 feminicídios, o maior número desde que o crime passou a ser tipificado legalmente em 2015. Isso representa, em média, uma mulher morta a cada 6 horas, quase sempre por companheiros ou ex-companheiros.

De acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública, o Piauí registrou um total de 182 casos de feminicídio, entre 2022 e 2025. Somente em 2024, foram contabilizados 56 casos, representando um aumento de 32% em relação ao ano anterior. Em 2025, até março, já são 18 feminicídios confirmados, o que indica uma tendência de crescimento. A maioria dos crimes ocorreu em ambientes domésticos, evidenciando a vulnerabilidade das mulheres dentro de suas próprias casas. Redenção do Gurguéia, onde o crime de Roberci ocorreu, já havia registrado outros episódios de violência de gênero nos últimos anos.

Para especialistas, a combinação de machismo estrutural, dependência financeira e falhas na proteção institucional continua alimentando esse ciclo de violência. Apesar da existência de políticas como a Lei Maria da Penha e a própria tipificação do feminicídio no Código Penal, os índices seguem elevados, exigindo maior investimento em prevenção, acolhimento e justiça.

Semana Estadual de Combate ao Feminicídio

A condenação de Roberci aconteceu durante a Semana Estadual de Combate ao Feminicídio, promovida para reforçar a conscientização sobre o problema e dar visibilidade às vítimas. A iniciativa inclui campanhas educativas, atendimentos especializados, audiências públicas e mutirões jurídicos em diferentes regiões do estado.

A sentença, embora não reverta a perda, representa um passo no sentido de romper a impunidade e reforçar a luta por justiça para as mulheres vítimas de violência.

Edição: Clique PI – Imagem: Arquivo Pessoal

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