Justiça fiscal em pauta: Miriam Leitão sai em defesa de Haddad e critica privilégios da elite financeira

Em um artigo contundente publicado no portal O Globo, a jornalista e colunista Miriam Leitão saiu em firme defesa das medidas propostas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em prol de uma reforma tributária mais justa e igualitária. Segundo ela, o ministro está “acertando” ao propor a taxação de setores privilegiados da elite financeira brasileira e ao buscar corrigir distorções históricas que beneficiam os mais ricos em detrimento da maioria da população.

Leitão elogia o empenho do governo Lula em fazer com que grandes conglomerados financeiros — como as fintechs e os fundos exclusivos — passem a pagar impostos compatíveis com seu poder econômico. “Ele está propondo que as grandes fintechs, hoje tão poderosas quanto os maiores bancos, e que os sites de apostas paguem mais imposto. […] O ministro acertou também quando passou a cobrar impostos dos fundos exclusivos — os investimentos das famílias ricas — e dos fundos offshore”, escreveu a colunista.

Para ela, ao contrário do que a oposição tem vociferado no Congresso e nas redes sociais, não se trata de aumento de carga tributária para a “sociedade”, mas sim de um reequilíbrio necessário, com foco em justiça fiscal. O alvo são segmentos do setor financeiro e investidores de altíssima renda que, até agora, vinham escapando da responsabilidade de contribuir de forma proporcional ao que ganham.

“O projeto do governo não está aumentando impostos sobre a sociedade, mas sim sobre segmentos do setor financeiro e sobre investidores que estão na camada mais rica da sociedade brasileira e que recebem a vantagem de pagar menos”, reforça a jornalista, denunciando o discurso fácil, populista e manipulador de alguns parlamentares que tentam transformar medidas de equidade tributária em ataques à classe média.

Leitão também aponta a hipocrisia no comportamento da Câmara dos Deputados, especialmente de líderes como o presidente da Casa, Hugo Motta. Enquanto fazem discursos exigindo corte de gastos públicos, parlamentares aprovam medidas que aumentam diretamente as despesas, como a proposta de somar salários parlamentares com aposentadorias — uma espécie de “super contracheque” financiado pelo contribuinte.

“O roteirista do Brasil nunca descansa”, ironiza a colunista. “No dia seguinte [ao discurso fiscalista], ele aumentou o gasto público. Propôs aumento dos ganhos para deputados. […] Isso é elevação de despesas na veia.”

Outro ponto de destaque da análise de Miriam Leitão é a crítica à reação conservadora contra a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. “Argumentaram que em um país com renda tão baixa, quem ganha R$ 5 mil não é pobre. E que, no meio de uma crise fiscal, não é hora de benemerências politicamente dirigidas”, recorda, questionando o cinismo de quem acha justo manter privilégios do topo da pirâmide, mas recusa qualquer alívio tributário à base.

Reforma tributária como instrumento de justiça social

A posição da colunista converge com a proposta central do governo Lula: um sistema tributário mais justo, que alivie os mais pobres e cobre mais dos que têm mais. A taxação de fundos exclusivos, a regulação dos sites de apostas, a tributação de offshores e a equiparação de regras para fintechs e bancos são passos concretos nessa direção.

A matéria publicada por Miriam Leitão joga luz sobre uma verdade muitas vezes escondida atrás de slogans vazios: o Brasil ainda é um dos países mais desiguais do mundo e, sem enfrentar os privilégios fiscais dos mais ricos, não haverá espaço real para o desenvolvimento sustentável nem para justiça social.

Ao defender as medidas de Haddad, a jornalista não apenas reconhece sua coragem política, como também lança um alerta à população: é preciso saber distinguir o que é ajuste necessário e o que é manipulação para manter os de sempre no topo da cadeia de isenção.

Da Redação Clique PI

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