Mercados sobem com isenção tarifária dos EUA

Apesar de um raro gesto de alívio vindo da Casa Branca, os mercados globais ainda caminham sobre uma corda bamba. Na última sexta-feira (11), os Estados Unidos anunciaram isenções tarifárias para smartphones, semicondutores, computadores e outros dispositivos, e nesta segunda-feira (14) os reflexos positivos chegaram às Bolsas da Ásia e Europa — mas será que isso representa uma trégua real ou apenas um respiro passageiro?

As principais praças asiáticas fecharam em alta: Tóquio subiu 1,2%, Seul 0,95%, Sydney 1,34%, Hong Kong 2,4% e Xangai 0,8%. Na Europa, o otimismo também se fez sentir, com Paris ganhando 2,14%, Frankfurt 2,10%, Milão 2,04% e Londres 1,60%. O impulso vem em um momento em que qualquer sinal de descompressão comercial é recebido com alívio por investidores fatigados.

Contudo, a euforia momentânea não apaga o pano de fundo cada vez mais tenso entre Washington e Pequim. Desde que Donald Trump retomou sua política tarifária agressiva — impondo tarifas de até 145% sobre produtos chineses — a relação entre as duas maiores economias do planeta voltou a um nível de tensão quase pré-pandêmico. A resposta de Pequim foi igualmente dura: tarifas de retaliação de 125% sobre bens americanos.

A retórica também endureceu. Enquanto o porta-voz da alfândega chinesa, Lyu Daliang, tenta tranquilizar os mercados dizendo que “o céu não vai cair para as exportações chinesas”, o presidente Xi Jinping não poupa palavras ao afirmar que o protecionismo “não leva a lugar nenhum”. Já Trump, fiel ao seu estilo beligerante, disparou em sua plataforma Truth Social que “ninguém vai sair impune… especialmente a China”.

Apesar das declarações, há sinais de pragmatismo — ou, ao menos, tentativas de reposicionamento. A China intensifica sua diplomacia regional, com Xi Jinping iniciando uma visita estratégica ao sudeste asiático. O foco é claro: manter sua influência e garantir novos parceiros comerciais enquanto os EUA endurecem o jogo.

A realidade é que, por trás das bravatas políticas, as tarifas têm um impacto econômico direto. O próprio Ministério do Comércio da China afirma que as medidas de Trump “prejudicam gravemente a ordem econômica mundial” — e não está errado. Dados recentes mostram que cadeias de produção foram afetadas, custos subiram e países em desenvolvimento estão entre os mais prejudicados.

O mais irônico é que, mesmo com o impacto global, os EUA continuam com discurso ambíguo. Embora Trump se diga “otimista” quanto a um acordo, seu representante comercial, Jamieson Greer, foi claro ao afirmar que “não há planos” para um diálogo direto entre os líderes das duas potências.

No fim das contas, a guerra comercial segue sem vencedores. A leve trégua nos mercados é um alívio, mas está longe de representar uma solução. A escalada protecionista liderada por Trump pode até gerar manchetes fortes, mas o que o mundo — e especialmente as economias em desenvolvimento — precisam, é de estabilidade. E isso, por ora, parece tão distante quanto um acordo definitivo entre Washington e Pequim.

Edição: Damata Lucas – Imagem: Freepik Free

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