Mesmo em pequenas doses, atividade física reduz risco de depressão, aponta estudo

Manter o corpo em movimento, mesmo que por poucos minutos ao longo da semana, pode trazer grandes benefícios para a saúde mental. É o que mostra um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa de São Paulo, do Hospital Israelita Albert Einstein e da Universidade Nove de Julho. A pesquisa, publicada no Journal of Affective Disorders, revelou que qualquer nível de atividade física está associado a um menor risco de sintomas depressivos.

O maior estudo brasileiro sobre o tema

A análise envolveu mais de 58 mil adultos brasileiros, acompanhados entre 2008 e 2022. Todos passaram por exames clínicos completos e responderam a questionários sobre hábitos de vida, incluindo nível de atividade física e sintomas depressivos.

A pesquisadora Luana Queiroga, profissional de educação física e uma das autoras do estudo, destaca que este é o maior levantamento do tipo já feito no Brasil, com uma abordagem mais ampla do que pesquisas anteriores. “A maioria dos estudos foca apenas na atividade física de lazer, como esportes ou academia. Nosso trabalho considerou também atividades do dia a dia, como deslocamentos, trabalho e afazeres domésticos”, afirma.

Qualquer movimento conta

Ao contrário do que muitos pensam, o estudo não avalia apenas a prática de exercícios estruturados. Os pesquisadores utilizaram o conceito de atividade física como qualquer movimento corporal que aumente o gasto calórico em relação ao repouso. Isso inclui, por exemplo, caminhar até o ponto de ônibus, subir escadas, limpar a casa ou andar de bicicleta para o trabalho.

“O que nosso estudo mostra é que, mesmo níveis baixos de atividade física — entre 11 e 149 minutos por semana — já estão associados a uma proteção contra sintomas de depressão”, explica o coordenador da análise, Rafael Mathias Pitta.

Fatores que aumentam o risco

Além do nível de atividade física, o estudo identificou outros fatores que aumentam a chance de desenvolver sintomas depressivos, como índice de massa corporal elevado (IMC), hipertensão, diabetes, tabagismo e altos níveis de estresse.

Ainda assim, mesmo entre pessoas com esses fatores de risco, a prática regular de atividades físicas — mesmo leves — demonstrou efeito protetor importante.

Por que a atividade física faz bem para a mente?

Segundo os pesquisadores, a prática regular de atividade física melhora funções cerebrais por diversos mecanismos. Entre eles, está o aumento da produção de BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), uma proteína essencial para a saúde dos neurônios, geralmente reduzida em pessoas com depressão.

Além disso, mover o corpo melhora o funcionamento hormonal e reduz inflamações, favorecendo o humor, o sono e até a qualidade da alimentação. “Uma única sessão de atividade física já pode influenciar comportamentos positivos no mesmo dia”, afirma Pitta.

Como começar?

Para quem enfrenta sintomas de depressão, iniciar uma rotina ativa pode parecer desafiador. No entanto, os pesquisadores recomendam começar com pequenas mudanças na rotina, como:

  • Subir escadas em vez de usar o elevador;
  • Caminhar curtas distâncias, como até o mercado ou farmácia;
  • Estacionar o carro mais longe do destino;
  • Levantar-se com mais frequência durante o expediente;
  • Fazer pausas ativas, mesmo em casa ou no trabalho.

A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de pelo menos 150 minutos semanais de atividade física moderada. Mas, segundo o novo estudo, mesmo quantidades menores já oferecem proteção importante contra sintomas depressivos.

Se puder, vá para a natureza

Outro dado importante vem de uma meta-análise de 2022: praticar atividade física em ambientes naturais, como parques, praias ou trilhas, aumenta ainda mais os benefícios para a saúde mental, em comparação com ambientes urbanos.

“Caminhar ao ar livre, pedalar no parque ou fazer exercícios em contato com a natureza potencializa os efeitos positivos sobre a ansiedade e o humor”, reforça Queiroga. Ela também destaca que escolher atividades prazerosas faz toda a diferença. “Quanto mais a pessoa gostar do que está fazendo, maior o benefício”.

Fonte: Pesquisa – Redação Clique PI – Imagem: Freepik

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