Conclave: a tradição milenar que escolherá o próximo papa

Nesta quarta-feira (7), os cardeais católicos iniciam um dos processos eleitorais mais antigos e envoltos em mistério do mundo: o conclave para eleger o 267º papa da Igreja Católica. A escolha do novo pontífice ocorre em um momento histórico, após a morte do papa Francisco no mês passado, e mobiliza os olhares de fiéis, líderes religiosos e curiosos de todo o mundo.

Quem escolhe o novo papa

O conclave reúne exclusivamente cardeais com menos de 80 anos à data da morte do papa anterior. Desta vez, são 133 cardeais eleitores — número recorde — de um total inicial de 135, já que dois abriram mão de participar. Embora, em teoria, qualquer homem católico possa ser eleito papa, na prática a escolha sempre recaiu sobre um cardeal.

A diversidade geográfica do colégio cardinalício aumentou significativamente ao longo das décadas. Em 2013, quando Francisco foi eleito, os eleitores vinham de 48 países; agora, representam 70 nações. A Europa mantém a maioria, com 52 cardeais, seguida pela Ásia (23), África (17), América do Sul (17), América do Norte (16), América Central (4) e Oceania (4). Itália (19 cardeais), Estados Unidos (10) e Brasil (7) lideram entre os países.

O palco do conclave

A Capela Sistina, no Vaticano, serve como cenário da eleição papal. Sob os famosos afrescos de Michelangelo — incluindo o Juízo Final e a Criação de Adão — os cardeais ficam em isolamento total, sem acesso a celulares, televisão ou internet. Hospedam-se em uma casa próxima no Vaticano, mas suas vidas durante o conclave são regidas por reclusão e sigilo.

Como funciona a votação

O processo é rigoroso. São realizadas até quatro votações por dia (duas pela manhã e duas à tarde), exceto no primeiro dia, quando há apenas uma. Para ser eleito, um candidato precisa de ao menos dois terços dos votos — neste caso, 89 votos.

Cada cardeal escreve sua escolha em uma cédula com a frase em latim Eligo in Summum Pontificem (“Elejo como Sumo Pontífice”). As cédulas são queimadas no fim das sessões, gerando a famosa fumaça que sai por uma chaminé acima da Capela Sistina: preta, se ainda não há decisão; branca, quando o novo papa é escolhido. Um grande sino na Basílica de São Pedro também anuncia o fim da espera.

Tempo de espera e curiosidades históricas

Os conclaves modernos costumam ser breves. Nos últimos dez, a média foi de pouco mais de três dias. Francisco foi eleito em dois dias e cinco votações, em 2013, enquanto Bento XVI precisou de apenas quatro votações em 2005. Mas nem sempre foi assim.

O conclave mais longo da história ocorreu em Viterbo, Itália, entre 1268 e 1271, levando dois anos, nove meses e dois dias para eleger Gregório X. A demora foi tamanha que as autoridades locais chegaram a trancar os cardeais e até a racionar sua alimentação para forçar uma decisão — o que deu origem ao termo cum clave (“com chave”), que hoje define o conclave.

No outro extremo, o conclave de outubro de 1503, que elegeu Júlio II, durou apenas algumas horas.

O anúncio ao mundo

Assim que o papa é eleito, um cardeal sênior surge na sacada central da Basílica de São Pedro e anuncia em latim: Annuntio vobis gaudium magnum. Habemus Papam (“Anuncio-vos uma grande alegria: temos papa”). Ele revela o nome de batismo e o nome papal escolhido pelo novo pontífice — um gesto carregado de simbolismo. João, Gregório, Bento, Clemente, Inocêncio, Leão e Pio estão entre os nomes mais escolhidos ao longo da história. Francisco, eleito em 2013, foi o primeiro a adotar esse nome, em homenagem a São Francisco de Assis.

Logo após o anúncio, o novo papa faz sua primeira aparição pública para conceder a bênção Urbi et Orbi (“À cidade e ao mundo”), diante de milhares de fiéis na Praça de São Pedro. Nos dias seguintes, ele celebra uma missa solene que marca o início de seu ministério.

Edição: Clique PI – Imagem: Vatican News

Notícias recentes

Notícias em alta

Com notícias do Piauí, do Brasil e do Mundo!

©2024- Todos os direitos reservados. Clique Pi