O Oscar é a maior premiação do cinema mundial, celebrando anualmente os melhores filmes, diretores, atores e diversas categorias técnicas. No entanto, poucos sabem que existe uma categoria criada nos anos 2000 que jamais teve um indicado ou vencedor. Trata-se do prêmio de Melhor Musical Original, um mistério dentro da história da Academia.
A criação da categoria
Em 2000, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas decidiu criar a categoria de Melhor Musical Original com o objetivo de dar maior reconhecimento a produções musicais, assim como já havia sido feito com as animações, que ganharam uma premiação própria. A intenção era destacar filmes que tivessem uma trilha sonora original como elemento central da narrativa.
Porém, o rigoroso critério de elegibilidade fez com que a categoria nunca fosse de fato utilizada. Para que um filme seja indicado, ele precisa atender a dois requisitos fundamentais:
- O longa-metragem deve conter pelo menos cinco músicas inéditas.
- As músicas precisam ser executadas de forma substancial ao longo da obra, com letras claramente audíveis e compreensíveis, além de contribuírem para o desenvolvimento da narrativa. Se as canções não forem essenciais para a história, a produção não se qualifica.
Além disso, a premiação só pode ser realizada caso pelo menos dez filmes atendam aos critérios no mesmo ano, algo que nunca aconteceu até hoje. Como resultado, a categoria está há 25 anos sem ser utilizada.
O Oscar e a evolução da premiação de trilha sonora
A criação dessa categoria foi um reflexo das mudanças que a Academia fez ao longo dos anos para premiar adequadamente músicas e trilhas sonoras. No passado, muitas produções eram indicadas na categoria de Melhor Trilha Sonora mesmo contendo apenas uma composição inédita, enquanto o restante das faixas eram adaptações ou arranjos de músicas já existentes. Isso gerava críticas sobre a justiça da premiação.
Para solucionar esse problema, em 1939 a Academia passou a distinguir trilhas sonoras compostas integralmente para um filme daquelas que utilizavam músicas pré-existentes. Assim, surgiram as categorias de Melhor Trilha Sonora e Melhor Trilha Sonora Original. Ao longo das décadas, os nomes passaram por ajustes, mas o objetivo sempre foi o mesmo: garantir que apenas trilhas compostas especialmente para um filme fossem premiadas.
Nos anos 1980, a Academia determinou que a categoria de Melhor Trilha Sonora Original deveria contemplar exclusivamente composições inéditas, eliminando a possibilidade de adaptações. Dessa forma, a premiação passou a reconhecer apenas músicas que enriquecessem a narrativa da obra cinematográfica.
O futuro da categoria Melhor Musical Original
Apesar da boa intenção por trás da criação do prêmio de Melhor Musical Original, sua exigência de um número mínimo de filmes qualificados anualmente tem inviabilizado a premiação. No cenário atual, musicais inéditos são produzidos em menor quantidade e, muitas vezes, utilizam músicas já existentes, o que os torna inelegíveis para a categoria.
Enquanto isso, o Oscar continua premiando músicas no cinema por meio das categorias de Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Canção Original, esta última voltada para reconhecer uma única música que se destaque dentro do contexto do filme.
Será que um dia veremos essa categoria finalmente sendo utilizada? Ou ela permanecerá esquecida no vasto histórico do Oscar? Só o tempo dirá. Até lá, seguimos celebrando os musicais de outras formas e aguardando um possível primeiro vencedor desta categoria “secreta”.
Com informações ‘Estrelando’ – Imagem: Reprodução