Papa Leão XIV inicia pontificado contrariando desejo de Francisco e aponta novo foco para a Igreja

A recente eleição do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost como novo líder da Igreja Católica surpreendeu o mundo e marcou o início de uma nova era no Vaticano. Agora oficialmente Papa Leão XIV, ele foi escolhido como sucessor de Francisco em um conclave rápido e de decisões inesperadas. Mas, já nos primeiros dias de seu papado, o novo pontífice optou por seguir um caminho simbólico diferente daquele desejado por seu antecessor.

Antes de sua morte, o Papa Francisco havia manifestado de forma explícita, por mais de uma vez, a vontade de que seu sucessor adotasse o nome de João XXIV — uma clara homenagem a João XXIII, o papa do Concílio Vaticano II, símbolo de abertura e renovação da Igreja. A escolha de outro nome, portanto, foi interpretada como uma ruptura significativa com esse desejo.

Na última quinta-feira (8), a jornalista Ilze Scamparini, correspondente da Globo no Vaticano, comentou o fato ao vivo no Jornal Hoje, apresentado por César Tralli. “Um desejo do Papa Francisco ele já não satisfez, porque o Papa Francisco por duas vezes se referiu ao sucessor dele como João XXIV. Ele preferiu Leão XIV. Vamos ver o que isso vai significar”, destacou a repórter, que há anos acompanha de perto os bastidores da Santa Sé.

Por que Leão XIV? Uma escolha com raízes sociais

A resposta veio dois dias depois. Em reunião com cardeais realizada no sábado (10), Papa Leão XIV quebrou o silêncio e explicou publicamente o motivo de sua escolha. Segundo ele, o nome foi adotado em homenagem a Leão XIII, pontífice que marcou o final do século XIX por sua postura firme em defesa da justiça social.

“Há diferentes razões para isso, mas principalmente porque o Papa Leão XIII, em sua histórica encíclica Rerum Novarum, abordou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial”, afirmou. Leão XIII é lembrado por ter lançado, em 1891, a primeira grande encíclica social da Igreja, denunciando as condições de exploração dos trabalhadores e defendendo direitos como salário justo, descanso semanal e a dignidade humana no trabalho.

Leão XIV destacou que vivemos, hoje, um novo momento de transformação. “Em nossos dias, a Igreja oferece a todos o tesouro de sua doutrina social em resposta a mais uma revolução industrial e aos desenvolvimentos no campo da inteligência artificial, que representam novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho”, completou.

Uma Igreja voltada aos dilemas da era digital

Com a menção à inteligência artificial e às mudanças do mundo contemporâneo, o novo papa sinaliza que pretende atualizar a missão social da Igreja, voltando os olhos para questões emergentes — como o impacto das tecnologias no mundo do trabalho, a exclusão digital e os riscos éticos das novas ferramentas digitais.

Seu brasão papal, divulgado oficialmente pelo Vaticano, também reforça esse simbolismo, trazendo referências à tradição, à justiça e ao cuidado com os marginalizados.

Embora tenha começado contrariando uma vontade expressa de Francisco, o Papa Leão XIV parece disposto a construir uma nova ponte entre passado e futuro, resgatando figuras históricas da Igreja para enfrentar os dilemas de uma nova era. Seu pontificado está apenas começando — e o mundo católico acompanha, atento, os primeiros sinais de mudança.

Redação Clique PI – Imagem: Vatican News

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