Paralisação de motoristas escolares em Teresina deixa milhares de alunos sem transporte e escancara crise trabalhista

A manhã desta segunda-feira (26) foi marcada por sérios transtornos para estudantes das redes pública municipal e estadual de ensino em Teresina. Motoristas da empresa Marvão Serviços, responsável por parte do transporte escolar na capital piauiense, iniciaram uma paralisação que interrompeu o deslocamento de milhares de crianças e adolescentes às instituições de ensino.

A paralisação atinge diretamente o funcionamento das escolas e compromete a rotina de estudantes, pais e professores. Sem transporte, muitos alunos não conseguiram comparecer às aulas, o que prejudica o calendário letivo e pode gerar lacunas no aprendizado. Pais e responsáveis foram obrigados a buscar soluções improvisadas, muitas vezes faltando ao trabalho para garantir a segurança dos filhos.


Trabalhadores reivindicam melhores condições e denunciam abusos

A decisão pela paralisação foi tomada em assembleia no último sábado (24) e confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Piauí (SINTETRO). Os motoristas exigem reajuste salarial, aumento no valor do vale-alimentação e participação da empresa no custeio do plano de saúde.

Segundo o presidente do sindicato, Antônio Cardoso, os trabalhadores enfrentam jornadas exaustivas e salários insuficientes. Ele relata que há motoristas cumprindo turnos de até 18 horas por dia, com remuneração irrisória nos turnos noturnos e tickets alimentação defasados.

“Essa paralisação é uma reação à exploração extrema. Alguns trabalhadores começam às 5h30 e só encerram às 22h, recebendo apenas R$ 350 pelos turnos da noite. O vale-alimentação é de apenas R$ 250, e algumas empresas sequer cogitam reajustar esse valor”, denunciou Cardoso.

Ele também apelou ao poder público: “É hora de o secretário estadual e municipal de Educação, assim como o governador e o prefeito, tomarem providências. A educação precisa ser tratada com dignidade — do zelador ao secretário.”


Consequências para a educação e a comunidade

A paralisação tem impacto direto sobre os alunos mais vulneráveis. Para muitos, o transporte escolar é a única forma de acesso à escola, e a merenda oferecida nas unidades é a principal refeição do dia. A ausência desses serviços afeta não só o desempenho acadêmico, mas também a segurança alimentar das crianças.

Especialistas alertam que a suspensão recorrente de aulas pode gerar consequências pedagógicas duradouras, com queda no rendimento, perda de avaliações e comprometimento de atividades essenciais para o desenvolvimento dos estudantes.


Empresa sob suspeita e histórico problemático

A Marvão Serviços, atual responsável pelo transporte, é sucessora da Locar Transportes, envolvida na Operação Topique — investigação da Polícia Federal que desmontou um esquema de fraudes em licitações de transporte escolar. A empresa também responde a diversas ações por improbidade administrativa na Justiça Federal.


Futuro incerto

Até o momento, não há previsão para o fim da paralisação. O impasse entre trabalhadores e empresa continua, enquanto alunos e famílias aguardam por uma solução imediata. A crise evidencia a urgência de uma reavaliação das condições de trabalho no setor e da responsabilidade das autoridades públicas na garantia de um serviço essencial para a educação.

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