A queda de um avião Boeing 787 Dreamliner nesta quinta-feira (12), logo após decolar do Aeroporto de Ahmedabad, na Índia, matou mais de 100 pessoas e levantou novamente a discussão sobre as chances de sobrevivência em acidentes aéreos. A aeronave seguia para Londres com 242 passageiros e tripulantes a bordo e perdeu contato com a torre de controle poucos minutos após a decolagem. O impacto foi tão severo que parte do avião atingiu um alojamento de médicos próximo ao aeroporto.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram o momento exato da queda. De acordo com a imprensa indiana, ao menos um passageiro sobreviveu: Ramesh Vishwakarma, que ocupava o assento 11A, à direita da aeronave, duas fileiras à frente das asas. Apesar de estar na parte dianteira — onde os dados indicam menor taxa de sobrevivência — ele se beneficiou de um fator decisivo: a proximidade da saída de emergência.
Um estudo da Universidade de Greenwich, no Reino Unido, publicado em 2008, aponta que passageiros sentados próximos às saídas de emergência têm mais chances de escapar com vida, especialmente se conseguirem agir com rapidez em meio ao caos.
Onde sentar pode salvar vidas?
Estudos internacionais têm mostrado que a localização do assento no avião pode fazer a diferença entre a vida e a morte em caso de acidentes. Uma análise da revista TIME, com base em 35 anos de dados da Agência Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), indica que a parte traseira do avião é a mais segura: a taxa média de mortalidade entre os passageiros que estavam nos assentos traseiros foi de 32%, contra 38% na dianteira e 39% no centro.
Os assentos mais seguros, segundo o levantamento, são os do meio da fileira traseira — identificados normalmente pela letra B — que apresentaram uma taxa de mortalidade de apenas 28%.
Essa tese foi reforçada por um experimento realizado em 2012, quando uma equipe de TV derrubou propositalmente um Boeing 727-200 no deserto do México. O avião foi equipado com câmeras e manequins distribuídos em todos os assentos. O resultado: os “passageiros” posicionados na parte traseira sofreram menos danos do que os da frente, que enfrentaram impactos fatais.
Acidentes aéreos: com e sem sobreviventes
Acidentes com sobreviventes, apesar de impactantes, não são tão raros quanto se imagina. Em 2009, o voo 1549 da US Airways, que decolou de Nova York, fez um pouso de emergência no rio Hudson após colisão com aves. Todos os 155 passageiros e tripulantes sobreviveram, graças à habilidade do piloto Chesley “Sully” Sullenberger e à resposta rápida da equipe de resgate.
Outro caso emblemático ocorreu em 1987, quando o voo 255 da Northwest Airlines caiu em Detroit. Entre os 155 ocupantes, apenas uma sobrevivente: Cecelia Cichan, de apenas quatro anos, que estava presa ao assento por um cinto de segurança infantil na parte traseira do avião.
Em contraste, há tragédias sem qualquer sobrevivente. O voo 370 da Malaysia Airlines, desaparecido em 2014 com 239 pessoas a bordo, é até hoje um dos maiores mistérios da aviação moderna. Outro exemplo é o voo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 2009 durante a rota Rio de Janeiro–Paris, matando todas as 228 pessoas a bordo.
Investigação e primeiros impactos
Este é o primeiro acidente grave envolvendo um Boeing 787 Dreamliner desde o início de sua operação comercial em 2011. A aeronave é considerada uma das mais modernas e seguras do mundo, o que levanta ainda mais questionamentos sobre as causas da tragédia na Índia. Um alerta de emergência do tipo mayday foi registrado, e a perda de sinal ocorreu logo depois, o que pode indicar falhas múltiplas nos sistemas de bordo.
O premiê indiano, Narendra Modi, lamentou o acidente, classificando-o como “de partir o coração”. “Neste momento de tristeza, meus pensamentos estão com todos os afetados. Estou em contato com os ministros e autoridades que atuam no resgate e assistência às famílias”, declarou.
Enquanto as equipes de resgate continuam os trabalhos de identificação das vítimas e investigação das causas, a tragédia reabre um velho debate: até que ponto a posição dentro do avião pode fazer a diferença entre sobreviver ou não a um desastre aéreo?
Edição: Redação Clique PI