Segmentos da chamada extrema direita no Brasil continuam atuando de forma latente e, muitas vezes, sem uma contrapartida à altura das autoridades e até mesmo do povo brasileiro, que, em em grande parte, não concorda com atos de intolerância política, religiosa, de raça, de gênero ou de qualquer outra coisa.
O que assistimos em relação à jornalista Natuza Nery, da Globo News, ilustra bem essa veia latente do extremismo brasileiro, seja de direita ou de esquerda (que também é latente). De acordo com publicação da Agência Brasil, a Polícia Civil de São Paulo instaurou um inquérito para investigar um policial civil que ameaçou a jornalista. A ameaça ocorreu na noite da última segunda-feira (30) enquanto ela fazia compras em um supermercado em Pinheiros, zona oeste da capital paulista.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, após o ataque e ameaças, a jornalista acionou a Polícia Militar por meio do 190 e ela e o agressor foram conduzidos até o 14º Distrito Policial para o registro de ocorrência.
Por envolver um policial civil, a Corregedoria de Polícia Civil assumiu as investigações do caso e vai apurar a conduta do agente, que já foi afastado de suas atividades operacionais.
Por meio de suas redes sociais, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, manifestou solidariedade à jornalista Natuza Nery, que sofreu um ataque recente de um agente do Estado. “As autoridades de São Paulo devem agir rapidamente para investigar e responsabilizar o agressor. A liberdade de expressão e o trabalho dos jornalistas são essenciais para a democracia. Quando um profissional de imprensa é agredido, todos perdem”, escreveu.
O caso também gerou manifestação pública do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Em sua rede social, ele postou que o “ataque sofrido por Natuza Nery, em razão do simples exercício diário de seu ofício, exige pronta resposta do poder público, em especial dos órgãos de persecução penal. É de nossa manutenção na pauta civilizatória que estamos a tratar. As democracias dependem do jornalismo profissional; sem ele, não há liberdade de informação e, por conseguinte, liberdade de expressão”.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, relatou que o policial civil que agrediu e ameaçou a jornalista já havia atacado as urnas eletrônicas e defendido um golpe contra a democracia. “Ao encontrá-la num mercado ele proferiu: ‘pessoas como você merecem ser aniquiladas’. Covarde! Não faria isso se não fosse uma mulher”, ressaltou o ministro, no X.
A Transparência Internacional também se manifestou em solidariedade à jornalista, dizendo repudiar “qualquer forma de hostilidade contra o exercício do jornalismo”.
É isso do que precisamos. Uma resposta imediata contra esse tipo de agressão que não somente jornalistas sofrem, mas quem pensa diferente. E isso tem se multiplicado nos últimos anos. Parece que o Brasil despertou do armário esqueletos que pensávamos não existissem. Os zumbis aloprados.